CAPÍTULO 7 - JESUS DESMASCARA A FALSIDADE DOS GRANDES





             Algumas atitudes que Jesus tomou com relação ao representantes do poder econômico, ou seja, com relação aos ricos e à riqueza: 1.”é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no céu” (Mc 10,25; Lc 18,24-27); 2. na parábola do homem que constrói grandes armazéns, ele denuncia a acumulação de bens (Lc 12,13-21; Mt 6,19): “Bobo, esta noite, você vai morrer!” (Lc 12,20); 3. não acredita muito na conversão dos ricos, pois diz: “Se não acreditar em Moisés e nos profetas, também não vai acreditar se alguém ressuscitar dos mortos!” (Lc 16,31); 4. denuncia a hipocrisia dos fariseus que se apresentam como observantes, enquanto são amigos do dinheiro (Lc 16,14) e roubam a casa das viúvas (Lc 20,47); 5. derruba a mesa dos cambistas no templo e os chama de ladrões (Lc 19,46); 6. “Ai dos ricos! Pois já receberam a sua recompensa!” (Lc 6,24); 7. prefere o óbulo da viúva às grandes esmolas dos ricos (Lc 21,1-4); 8. ele mesmo não tem nada (Lc 9,58) e pede o mesmo dos seus discípulos (Lc 12,33): tem que deixar tudo para poder seguir a ele (Mc 10,21-22; Lc 14,33); 9. no grupo de Jesus, a posse dos bens é comunitária, Judas é o responsável pela caixa comum (Jo 13,29; 12,6); 10. diz claramente que não é possível servir a dois senhores, a Deus e ao dinheiro! (Mt 6,24).

            Algumas atitudes que Jesus tomou com relação aos representantes do poder político, ou seja, com relação ao poder e aos poderosos daquele tempo: 1. ele não freqüentava a casa dos poderosos, pois gente de roupa fina é só nos palácios (Mt 11,8); 2. contesta e critica o exercício do poder na sociedade e pede que o poder seja exercido como um serviço (Jô 13, 14-15; Mt 23,11; 18, 1-4); 3. chama Herodes de raposa (Lc 13,32) e, conduzido diante dele na hora do julgamento, não lhe diz uma só palavra (Lc 23,9); 4. a Pilatos contesta a arrogância: “Você não teria esse poder se não lhe tivesse sido dado!” (Jo 19,11); 5. enfrenta o soldado que bate nele: “Se falei errado, prove! Se falei certo, por que me bate?” (Jo 18,23); 6. ele mesmo sendo Senhor e Mestre, se faz servo dos seus discípulos e pede que eles façam o mesmo (Jo 13, 13-16); 7. na hora da sua condenação ele é considerado mau pagador de impostos (Lc 23,2); 8. no mesmo julgamento, é considerado subversivo, que andou subvertendo o povo desde a Galiléia, (Lc 23,5); 9. quando perseguido pela polícia em Jerusalém, ele foge e se esconde (Jo 8,59; 11,8. 53-54); 10. previne os discípulos: “Atenção! Vão perseguir vocês (Mt 10, 17-22) e vão pensar que estão fazendo uma obra agradável a Deus!” (Jo 16,2).

            Algumas atitudes que Jesus tomou com relação aos representantes do poder religioso, ou seja, com relação aos sacerdotes, fariseus e escribas: 1. acusa-os de hipocrisia: “Dizem, mas não fazem!” (Mt 23, 3.13); 2. Reconhece a autoridade deles: “Façam o que dizem, mas não imitem o que fazem!” (Mt 23, 2-3); 3. percebe o veneno da ideologia dominante dos fariseus e avisa os apóstolos: “Cuidado com o fermento dos fariseus!” (Lc 12,1); 4. relativiza os ensinamentos dos escribas, a tradição dos antigos e a própria lei de Moisés, dizendo que o sábado é para o homem e não vice-versa (Mc 2,27); 5. denuncia a falsidade dos fariseus e escribas (Mt 23, 1-36; Lc 11, 37-54); 6. diante do orgulho dos judeus frente ao templo, ele diz: “Podem destruir este templo, e em três dias, eu coloco outro!” (Jo 2,19); 7. denuncia o sistema de comércio existente em torno ao templo (Mc 11, 15-18).
            Em todas estas e outras atitudes de Jesus, o objetivo não é simplesmente contestar por contestar, mas contestar as lideranças falsas que usavam o seu poder para manter a vida presa e oprimida (Mt 23, 13.4). Jesus queria libertar a vida reprimida e oprimida (Mt 11,28).

Refletindo um pouco mais

Existiam dois dados nos Evangelhos em tor­no dos quais não há qualquer contestação:
 “Jesus vivia na companhia dos pobres, dos oprimidos. Sua base social eram os oprimidos e marginalizados daquela sociedade. No capitulo 8 do Evangelho de Mateus vemos que os seus primeiros milagres são as curas das pessoas muito marginalizadas. Jesus, aqui reata com a boa tradição profética que é a defesa dos pequenos. A tradição farisaica dizia: “Afasta-te dos pobres, dos pecadores, porque são malditos”. A condição de vida dos pobres lhes impediam de praticar a Lei. Portanto, concluía-se que eram pecadores. 

Cristo diz ao contrário. Ele se aproxima, defende os pequenos. Ele é do partido dos pobres, dos oprimidos. 

Cristo tem uma atitude  critica   frente aos poderosos. O conflito entre Jesus e os di­rigentes do povo atravessa os Evangelhos de ponta a ponta. No Evangelho de Marcos, o mais antigo dos Evangelhos (embora apareça em segunda posição no livro do Novo Testamento), a gente percebe um progresso na oposição entre Cristo e os dirigentes. No capítulo 2, quando cura um paralítico, os Fariseus cochicham entre si e dizem: “Esse homem blasfema, porque ele perdoa pecados”. Ainda no capítulo 2, Jesus esta jantando com os publicanos. Os Fariseus conversam com os discípulos e dizem: ”Como é que o mestre de vocês almoça com os publicanos”. Logo em seguida, quando os discípulos infringem o sábado, esmagando, descascando as espigas de trigo e comendo, então ai aparece o ataque direto a Cristo: “Como é que seus discípulos infringem o dia de sábado?” Mais adiante, atacam-no porque ele não lava as mãos antes de comer, desrespeitando a tradição. 

Em Jerusalém, o conflito é aberto. Jesus ataca diretamente os Escribas, Fariseus, os Sumo Sacerdotes e os Saduceus, expulsa os vendilhões do Templo, e declara que o Templo vai acabar. O Templo significa o sistema da época. Amaldiçoa também a figueira, símbolo do sistema Judaico, A maldição da figueira significa maldição daquela sociedade. Foi logo entendido esse gesto profético de Jesus. É claro, uma semana após ela é levado ao tribunal, e condenado a morte na cruz.

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