Algumas
atitudes que Jesus tomou com relação ao representantes do poder econômico, ou
seja, com relação aos ricos e à riqueza: 1.”é
mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no
céu” (Mc 10,25; Lc 18,24-27); 2. na parábola do homem que constrói grandes
armazéns, ele denuncia a acumulação de bens (Lc 12,13-21; Mt 6,19): “Bobo, esta noite, você vai morrer!” (Lc
12,20); 3. não acredita muito na conversão dos ricos, pois diz: “Se não acreditar em Moisés e nos profetas,
também não vai acreditar se alguém ressuscitar dos mortos!” (Lc 16,31); 4.
denuncia a hipocrisia dos fariseus que se apresentam como observantes, enquanto
são amigos do dinheiro (Lc 16,14) e roubam a casa das viúvas (Lc 20,47); 5.
derruba a mesa dos cambistas no templo e os chama de ladrões (Lc 19,46); 6. “Ai dos ricos! Pois já receberam a sua
recompensa!” (Lc 6,24); 7. prefere o óbulo da viúva às grandes esmolas dos
ricos (Lc 21,1-4); 8. ele mesmo não tem nada (Lc 9,58) e pede o mesmo dos seus
discípulos (Lc 12,33): tem que deixar tudo para poder seguir a ele (Mc 10,21-22;
Lc 14,33); 9. no grupo de Jesus, a posse dos bens é comunitária, Judas é o
responsável pela caixa comum (Jo 13,29; 12,6); 10. diz claramente que não é
possível servir a dois senhores, a Deus e ao dinheiro! (Mt 6,24).
Algumas
atitudes que Jesus tomou com relação aos representantes do poder político, ou
seja, com relação ao poder e aos poderosos daquele tempo: 1. ele não
freqüentava a casa dos poderosos, pois gente de roupa fina é só nos palácios
(Mt 11,8); 2. contesta e critica o exercício do poder na sociedade e pede que o
poder seja exercido como um serviço (Jô 13, 14-15; Mt 23,11; 18, 1-4); 3. chama
Herodes de raposa (Lc 13,32) e, conduzido diante dele na hora do julgamento,
não lhe diz uma só palavra (Lc 23,9); 4. a Pilatos contesta a arrogância: “Você não teria esse poder se não lhe tivesse
sido dado!” (Jo 19,11); 5. enfrenta o soldado que bate nele: “Se falei errado, prove! Se falei certo, por
que me bate?” (Jo 18,23); 6. ele mesmo sendo Senhor e Mestre, se faz servo
dos seus discípulos e pede que eles façam o mesmo (Jo 13, 13-16); 7. na hora da
sua condenação ele é considerado mau pagador de impostos (Lc 23,2); 8. no mesmo
julgamento, é considerado subversivo, que andou subvertendo o povo desde a
Galiléia, (Lc 23,5); 9. quando perseguido pela polícia em Jerusalém, ele foge e
se esconde (Jo 8,59; 11,8. 53-54); 10. previne os discípulos: “Atenção! Vão perseguir vocês (Mt 10,
17-22) e vão pensar que estão fazendo uma
obra agradável a Deus!” (Jo 16,2).
Algumas
atitudes que Jesus tomou com relação aos representantes do poder religioso, ou
seja, com relação aos sacerdotes, fariseus e escribas: 1. acusa-os de
hipocrisia: “Dizem, mas não fazem!”
(Mt 23, 3.13); 2. Reconhece a autoridade deles: “Façam o que dizem, mas não imitem o que fazem!” (Mt 23, 2-3); 3.
percebe o veneno da ideologia dominante dos fariseus e avisa os apóstolos: “Cuidado com o fermento dos fariseus!”
(Lc 12,1); 4. relativiza os ensinamentos dos escribas, a tradição dos antigos e
a própria lei de Moisés, dizendo que o sábado é para o homem e não vice-versa
(Mc 2,27); 5. denuncia a falsidade dos fariseus e escribas (Mt 23, 1-36; Lc 11,
37-54); 6. diante do orgulho dos judeus frente ao templo, ele diz: “Podem destruir este templo, e em três dias,
eu coloco outro!” (Jo 2,19); 7. denuncia o sistema de comércio existente em
torno ao templo (Mc 11, 15-18).
Em
todas estas e outras atitudes de Jesus, o objetivo não é simplesmente contestar
por contestar, mas contestar as lideranças falsas que usavam o seu poder para
manter a vida presa e oprimida (Mt 23, 13.4). Jesus queria libertar a vida
reprimida e oprimida (Mt 11,28).
Refletindo um pouco mais
Existiam dois
dados nos Evangelhos em torno dos quais não há qualquer contestação:
“Jesus vivia na companhia
dos pobres, dos oprimidos. Sua base social eram os oprimidos e marginalizados
daquela sociedade. No capitulo 8 do Evangelho de Mateus vemos que os seus
primeiros milagres são as curas das pessoas muito marginalizadas. Jesus, aqui
reata com a boa tradição profética que é a defesa dos pequenos. A tradição
farisaica dizia: “Afasta-te dos pobres, dos pecadores, porque são malditos”. A
condição de vida dos pobres lhes impediam de praticar a Lei. Portanto,
concluía-se que eram pecadores.
Cristo diz ao
contrário. Ele se aproxima, defende os pequenos. Ele é do partido dos pobres,
dos oprimidos.
Cristo tem uma
atitude critica frente aos poderosos. O conflito entre Jesus
e os dirigentes do povo atravessa os Evangelhos de ponta a ponta. No Evangelho
de Marcos, o mais antigo dos Evangelhos (embora apareça em segunda posição no
livro do Novo Testamento), a gente percebe um progresso na oposição entre
Cristo e os dirigentes. No capítulo 2, quando cura um paralítico, os Fariseus
cochicham entre si e dizem: “Esse homem blasfema, porque ele perdoa pecados”. Ainda
no capítulo 2, Jesus esta jantando com os publicanos. Os Fariseus conversam com
os discípulos e dizem: ”Como é que o mestre de vocês almoça com os publicanos”.
Logo em seguida, quando os discípulos infringem o sábado, esmagando,
descascando as espigas de trigo e comendo, então ai aparece o ataque direto a
Cristo: “Como é que seus discípulos infringem o dia de sábado?” Mais adiante,
atacam-no porque ele não lava as mãos antes de comer, desrespeitando a
tradição.
Em Jerusalém,
o conflito é aberto. Jesus ataca diretamente os Escribas, Fariseus, os Sumo
Sacerdotes e os Saduceus, expulsa os vendilhões do Templo, e declara que o
Templo vai acabar. O Templo significa o sistema da época. Amaldiçoa também a
figueira, símbolo do sistema Judaico, A maldição da figueira significa maldição
daquela sociedade. Foi logo entendido esse gesto profético de Jesus. É claro,
uma semana após ela é levado ao tribunal, e condenado a morte na cruz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário