O termo Palestina, em poucas palavras, significa
terra dos filisteus (FERREIRA; CELESTE, 2006. p 1). Há, contudo, segundo Daniel
Rops (1963), controvérsias sobre a utilização desse termo para designar tal
região. Segundo o pensador, o termo designava um povo vencido do qual as terras
haviam sido conquistadas. Assim o real nome que os israelitas usavam para
indicar a palestina, na linguagem nobre, idioma religioso e histórico, era:
País de Canaã. Esse termo servia para designar a terra prometida por Javé e
conquistada a custas de guerras.
Portanto, o termo Palestina significa, do ponto de
vista religioso, para o povo da época, o País de Canaã, a terra prometida por
Javé. Do ponto de vista etimológico, Terra dos filisteus.
De acordo com Andréia Cristina L. Frazão da Silva
(2006), a Palestina no tempo de Jesus possuía uma extensão de terra mediana,
era uma estreita área situada entre a África e a Ásia, funcionando como uma
espécie de ponte entre essas regiões. Suas coordenadas geográficas estão nos
paralelos de 31 e 33 ao norte e nos meridianos 32 e 34 ao leste.
Com um território menor que o estado do Espírito
Santo, possuía uma superfície de cerca de 34.000 Km2 e cerca de 650 mil
habitantes. Encontrava-se dividida em áreas menores: Judéia, Samaria e
Galiléia, à oeste; Ituréia, ao norte; Gualanítade, Batanéia, Traconítide,
Auranítide, Decápole e Peréia, à leste; e Iduméia ao sul.
Todo esse território era margeado pelo Mar
Mediterrâneo, no extremo oeste. Ao Leste estava o Rio Jordão que desemboca no
Mar Morto, ao sul. Entrecortando toda região havia uma cadeia de montanhas e
montes com 600 mts de altura, sendo que os mais altos estavam situados na
Galiléia e no Hermon (SILVA, 2006, não paginado).
No primeiro século a Palestina foi varrida por
desavenças dinásticas, conflitos destruidores e, ocasionalmente, guerras.
No segundo século a.C., um reino judaico mais ou
menos unificado foi estabelecido transitoriamente, segundo os dois livros
apócrifos dos Macabeus.
Em 63 a.C., através do general Pompeu, Roma chega ao
Oriente Médio. A política expansionista romana teve inicialmente como objetivos
básicos a defesa frente a povos vizinhos rivais e a obtenção de mais terras
necessárias à agricultura e ao pastoreio, mas logo se revelou uma fonte valiosa
de riquezas em metais preciosos e em escravos (MOTA; BRAICK,1997. p.50). Como
resultado, em cinco séculos de guerras, a dominação romana se estendeu a grande
parte da Europa, da Ásia e da África. Mas Roma, na época, muito extensa e muito
preocupada com seus próprios problemas, não estava em condições de ali instalar
o aparelho administrativo necessário para um governo direto.
Em quatro anos as legiões romanas ocuparam Jerusalém,
arrasando a cidade, saqueando e destruindo templos. A única resistência na
época a investida romana foi a Fortaleza montanhosa de Masada, que resistiu por
mais três anos, comandada por um descendente de Judas da Galiléia. Depois da
revolta houve um êxodo de judeus da Terra Santa.
Entretanto, um número suficiente permaneceu para
fomentar outra rebelião cerca de 60 anos mais tarde, em 132 d.C. Finalmente ,
em 135 d.C. o imperador Hadrians decretou que todos os judeus deviam ser
expulsos da Judéia por lei, e Jerusalém tornou-se uma cidade essencialmente
Romana, sendo rebatizada com o nome de Aelia Capitolina.
Com a ocupação romana a Palestina passa a fazer parte
do Império Romano. Herodes, o Grande (37-4 a.C.) obtém de Roma o título de
Idumeu, rei da Judéia. É no seu reinado, por volta do ano 7 ou 6 a.C., alguns
anos antes da morte do Rei Herodes, o Grande (4 a.C.) e durante o governo do
imperador romano Augusto, que ocorre o nascimento de Jesus de Nazaré (MEIER,
1992). Durante a vida de Jesus, a Palestina foi governada, principalmente, pela
Dinastia Herodiana.
Assim, roma criou uma linha de reis marionetes - a
dos herodianos - para governar sob seu controle. Não eram judeus, mas árabes.
Heródes Antipater (63 a 37 a.C.); Heródes, o grande (37 a 4 a.C.); Heródes
Antipas.
O povo do país podia manter sua própria religião e
costumes. Mas a autoridade final era Roma e reforçada pelo exército romano. No
ano 6 d.C., o país foi dividido em duas províncias, Judéia e Galiléia. Heródes
Antipas tornou-se o rei da Galiléia. Mas Judéia - a capital espiritual e
secular - ficou sujeita a norma romana direta, administrada por um procurador
romano baseado em Cesarea. O regime era brutal e autocrático, ou seja, uma forma de governo na qual
um único homem detém o poder supremo – o imperador romano.
Ao assumir o controle direto da Judéia, mais de dois
mil rebeldes foram crucificados. O templo foi saqueado e destruído. Impostos
pesados foram criados.
Este estado de coisas foi agravado por Poncio
Pilatos, procurador da Judéia de 26 d.C. até 36 d.C. Os registros existentes
indicam que Pilatos era um homem corrupto e cruel, e não só perpetuou, mas
intensificou os abusos de seu predecessor. Pelo menos, à primeira vista, é
surpreendente que os Evangelhos não contenham críticas a Roma, nem menções ao
jugo romano.
A vida de Jesus se passou nos primeiros 35 anos de um
turbilhão e se estendeu por 140 anos. Gerou expectativas inevitáveis ao povo
judeu e uma delas era a esperança de um Messias que libertasse o seu povo do
Jugo romano.
Para os contemporâneos de Jesus, nenhum Messias seria
jamais considerado divino. Na realidade a própria idéia de um Messias seria
extravagante. A palavra grega para Messias é Christ ou Christos. O termo - em
hebreu ou grego - significa "abençoado" e se refere geralmente a um
rei.
E quando Davi foi abençoado rei no Velho testamento,
ele se tornou um Messias ou um Christ. E todos os reis judeus subsequentes, da
casa de Davi, eram conhecidos pelo mesmo nome. Mesmo durante a ocupação romana
da Judéia, o alto traço sacerdote nomeado por Roma era conhecido como
sacerdote, Messias ou rei-sacerdote. (Maccoby, Revolution in Judaea, p.99)
Todavia, para os Zelotes e para outros oponentes de
Roma, este sacerdote marionete era, necessariamente, um falso Messias. Para
eles, o verdadeiro Messias significava algo muito diferente, o legítimo rei
perdido, o descendente desconhecido da casa de Davi, que libertaria seu povo da
tirania romana.
Durante a vida de Jesus essa espera era enorme e
continuou após sua morte. Realmente, a revolta de Masada em 66 d.C. foi
instigada pela propaganda feita pelos Zelotes em nome de um Messias, cujo
advento seria iminente.
O termo Messias significava "um rei
abençoado" e, na mentalidade popular, veio a significar também libertador.
Em um termo de conotação política, algo bem diferente da idéia cristã posterior de um "filho de Deus". Esse termo, essencialmente mundano, foi usado para Jesus, chamado "O Messias" ou - traduzido para o grego - "Jesus, o Cristo" e mais tarde "Jesus Cristo" que se distorceu para o nome próprio.
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