2.1 – A Economia
Devido a sua posição geográfica estratégica, a
Palestina era região de passagem.
Por ela circulavam soldados, comerciantes,
mensageiros, diplomatas, (FERREIRA; CELESTE, 2006).
Essa região possuía importantes centros urbanos, como
Cesaréia e Jerusalém, que concentravam indivíduos e atividades econômicas. Como
em outras áreas do Império, existiam vias e portos, que facilitavam as
comunicações e transporte de mercadorias e pessoas.
A sociedade em que Jesus viveu deve ser analisada a
partir da economia, das relações de produção. Em termos econômicos era uma
sociedade pré-capitalista, transicional, substancialmente agrícola. Não era uma
sociedade industrial igual a nossa. Lá predominava a agricultura. As relações
na agricultura se davam da seguinte forma:
LATIFÚNDIO:
A
propriedade da terra na Palestina, Judéia, Samaria, Galiléia, estava
concentrada nas mãos de pouca gente. Aliás, dá pra perceber que no fundo de
muitas parábolas, temos a situação do latifúndio, da concentração da
propriedade da terra. Por exemplo, a Parábola dos Talentos. O grande patrão
antes de ir para a cidade entrega os talentos, o dinheiro, para os seus servos,
de maneira que esses possam produzir. Temos a Parábola dos Vinhateiros. O
patrão que sai arrenda a vinha aos empregados. Existem várias Parábolas
contadas por Jesus tendo como pano de fundo o latifúndio.
Essas
Parábolas mostram a situação econômica do tempo de Jesus, mostram uma economia
agrícola, onde as relações das pessoas com a terra são relações de latifúndio.
Diante
desta situação Cristo tem uma atitude bastante crítica. Quando o Evangelho fala
de riqueza, em geral entendemos riqueza por dinheiro, por moeda. Enquanto a
riqueza principal daquela época era a propriedade da terra.
Cristo
considera a riqueza de uma maneira muito negativa, porque vê que a propriedade
da terra está muito concentrada. Então a riqueza é um ídolo que faz
concorrência com Deus. A riqueza é um obstáculo para seguir Jesus Cristo, ou
seja, para ser Cristão.
É difícil
ser rico, latifundiário, no tempo de Jesus e ao mesmo tempo ser discípulo, ser
Cristão. A riqueza recebe uma das considerações mais fortes da sua boca, quando
diz: “É mais fácil um camelo passar pelo
buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus”. Mesmo diante
do espanto dos apóstolos Jesus a repetiu sem pestanejar. E qual é a sua
proposta positiva?
A
proposta positiva do Cristo é a partilha. Cristo não é contra a riqueza como
tal. Também não é contra a terra. É contra a concentração da terra nas mãos de
poucos. Então sua proposta é a partilha.
Todos os
discípulos de Jesus têm de partilhar os bens, têm de entrar numa economia de
partilha, de socialização, para poder seguir Cristo. Ou seja, é impossível ser
rico e ser seguidor de Cristo. Na perspectiva de Jesus isto aparece muito
claro. Nós é que, muitas vezes, obscurecemos o fato por causa da ideologia do
dinheiro que está em nossas cabeças.
ARTESANATO:
O segundo
pólo econômico da época eram as atividades artesanais. O artesanato é o
trabalho manual em cima de qualquer matéria, com instrumentos muito
rudimentares, primitivos. No tempo de Jesus ele era mais desenvolvido nos
grandes centros, como Jerusalém, onde havia uma camada de artesãos mais
qualificada. Nas pequenas cidades da Galiléia, como Nazaré, era muito
rudimentar.
Nós
sabemos que Jesus era artesão. Ele era um carpinteiro do interior, sem grande
qualificação. O pai de Jesus, José, também era carpinteiro. A profissão passava
de pai para filho. Nas cidades pequenas esta atividade era muito explorada e
desprestigiada. Isso dá para compreendermos a posição de classe de Jesus. Na
verdade ele era um artesão que possuía alguns instrumentos de trabalho, mas não
exercia o controle sobre a matéria prima necessária para o seu trabalho. Na
verdade ele era um artesão pobre.
COMÉRCIO:
O
terceiro pólo econômico era as atividades comerciais. Existia nas pequenas
cidades um comércio local (feiras), onde se fazia a troca de produto. A
economia monetária, a circulação de dinheiro, era muito reduzida. Mas havia os
grandes mercados, como o de Jerusalém, com o controle de grandes comerciantes.
Eram mercados atacadistas, que faziam importações, como o mercado do templo.
É
importante guardarmos este dado: a economia era principalmente rural e tem
muito pouco a ver com a nossa sociedade moderna, onde a economia agrícola é na
verdade uma economia de exceção, controlada pelo pólo industrial e tecnológico que
leva à frente o progresso de um país moderno.
Quais
eram as relações de produção, as relações de exploração no tempo de Jesus?
Hoje a
exploração ocorre em nível de salário. O salário está cada vez menor em relação
ao custo de vida. No tempo de Jesus, a exploração ocorria em nível de impostos,
que literalmente esmagavam o povo.
Não é
à-toa que os romanos dominavam a Palestina, que a tinham transformado em
colônia. Eles estavam ali para tirar bens econômicos do povo, através dos impostos.
O sistema de impostos era o canal principal pelo qual o povo era explorado
pelos colonizadores romanos.
Havia
dois sistemas de impostos:
- o
romano e o
-
religioso.
O Imposto Romano:
Era dividido em três tipos:
a) DEBÁRIO: Pago por cabeça. Como os romanos poderiam
controlar o seu pagamento? Através de recenseamento ou censos. O próprio Jesus
nasceu numa época de recenseamento e, naquele tempo, houve um grande levante
revolucionário na Galiléia. Surgiu o movimento guerrilheiro denominado “Zelotismo”
dos Zelotes, que perceberam que o recenseamento nada mais era do que a forma de
garantir o imposto por cabeça.
b) PRODUÇÃO: Um quarto da produção agrícola (25%) era
entregue nas mãos do colonizador romano.
c) CIRCULAÇÃO: Nas grandes cidades, nas encruzilhadas, nas
divisões das províncias, era taxado um tributo de circulação.
O Imposto Religioso:
Era imposto judaico, para o templo, tem também três tipos:
a) DRACMA: Pago por cabeça. No evangelho aparece a
referência quando o Sacerdote diz a Pedro: “O mestre de vocês não paga a
dracma, o imposto do Templo”? Depois Cristo manda Pedro pescar. Ele encontra
quatro dracmas embaixo da orelha do peixe e os entrega como pagamento.
b) PRÍMÍCIAS: Todo primeiro fruto da terra ou do animal
era entregue no templo, ao sumo sacerdote. E até mesmo todo filho que nascesse
tinha de ser entregue simbolicamente ao Templo, através de um animal. Os ricos
entregavam camelos ou bodes; os pobres um par de rolinhas ou de pombinhos.
Quando Jesus foi apresentado ao Templo, José levava um par de rolinhas para ser
entregue no lugar da criança.
c) DÍZIMO: Dez por cento (10%) da produção vai para as
mãos do sumo sacerdote, da classe sacerdotal do Templo. E não havia um só
dízimo, havia três ou quatro tipos: Daí percebemos o quanto era profundamente
explorado o povo no tempo de Jesus exploração que se fazia através do sistema
tributário.
POLÍTICA:
Somente
entendendo o funcionamento da economia é que se entende a significação política
de uma crítica ao Templo.
No tempo
de Jesus, o Estado é o que chamamos hoje de teocrático. Ou seja, um Estado
religioso. A constituição, as leis são a Bíblia, os cinco primeiros livros
chamados Pentateuco. Ela é a constituição, o código penal, o código civil.
Quando os
juízes vão julgar alguém, eles interpretam e aplicam as regras da Bíblia. O
sumo sacerdote é o dirigente político da nação. Existe ainda o Sinédrio, que é
uma espécie de tribunal, de conselho, formado por 80 homens que dirigem a
nação, tendo à frente o sumo sacerdote.
Qualquer
comportamento religioso, nesta situação, é um comportamento político. Não havia
divisão: política de um lado, religião de outro. Hoje nós temos uma divisão
institucional entre igreja e governo. Naquela época não. A Igreja judaica era a
sede do poder político, e o sumo sacerdote, o governante da nação.
É muito
importante entender que religião e política era uma coisa só e qualquer
comportamento blasfemo, irreligioso, era subversivo. Quando Cristo, por
exemplo, cura em dia de sábado e não observa as tradições, ele está tendo um
comportamento subversivo, antipolítico. Só levando isso em consideração é que
entendemos o quanto Cristo era político, o quanto ele rompia com a ordem social
porque para fazer política bastava praticar religião de outra maneira. Isso era
política de oposição.
ESTRUTURAS DE
CLASSE:
A
sociedade era piramidal, como a nossa por sinal. A classe alta era composta
pelos funcionários, pelos detentores do Estado: Sumo Sacerdote, Sinédrio e
Estado Romano. O rei Herodes, o Governador Poncios Pilatos e a Corte. Esse era
o primeiro pólo da classe rica. O segundo pólo da classe rica era constituído
pelos proprietários de terra, pelos latifundiários. No Evangelho aparece muitas
vezes a referência aos anciãos. Os anciãos eram famílias tradicionais, donas de
terra. Por fim tinham os grandes comerciantes do mercado importador-exportador,
do mercado atacadista, sobretudo de Jerusalém.
Depois da
classe rica, vinham os “remediados”. Eram os artesãos qualificados, dos grandes
centros urbanos, que não eram tão grandes assim. Jerusalém deveria ter de 35 a 40 mil habitantes.
Nazaré, de 20 a
30 famílias.
Além dos
artesãos, a classe intermediária era constituída pelos pequenos agricultores,
pequenos comerciantes e profissionais liberais, que, naquele tempo eram os
escribas e fariseus. Na verdade, os escribas não eram ricos. Era uma classe
intermediária que estava em ascensão, com a hegemonia da sociedade. Nessa
posição havia a classe do baixo clero, os sacerdotes do Templo e os levitas,
que giravam em torno de 17 mil pessoas. Como os sacerdotes naquele tempo
casavam, constituíam famílias, existia cerca de oitenta mil pessoas dependentes
deles. Por aí compreende-se como deveriam ser altos os impostos, porque estas
oitenta mil pessoas eram totalmente sustentadas pelos impostos pagos pelas
pessoas.
Por fim,
a classe baixa, formada pelo povo. O povo era muito fragmentado, tanto que o
Evangelho diz “multidão”. O que é multidão? É a massa de gente, sem maior
coesão interna, sem espírito de classe. Mateus diz: “Jesus olhou a multidão e
teve pena, porque ela estava prostrada e cansada como ovelhas sem pastor”. No
meio do povo existia toda a sorte de trabalhadores. Eram artesãos do interior,
diaristas, arrendatários rurais, escravos, criados, e também existia toda a
sorte de marginalizados: Leprosos (que eram os últimos dos últimos), Doentes,
Mendigos, Órfãos, Viúvas, Estropiados, Loucos, Possessos. Chamavam de possessos
as pessoas que, por causa de suas condições sociais, ficavam loucas. Isso
mostra o nível a que estava reduzido o povo, o grau de deteriorização das
condições de vida.
Além dos
critérios econômicos, havia outros: uma pessoa de sangue judeu tinha mais
status social do que outras. Um filho de uma pessoa adúltera ou de um
estrangeiro ou de um samaritano já não tinha muita consideração. O critério de
sangue também prevalecia.
Se a
pessoa era rica, mas pertencente a uma profissão considerada pecaminosa, também
era desprestigiada. Naquele tempo, um fiscal, economicamente falando, estava
bem posicionado. Por que? Porque teve de comprar essa posição, já que ela era
leiloada e rendia muito. Em geral, os fiscais se tornavam rapidamente ricos.
Mas o
povo considerava que mexer com dinheiro era uma profissão pecaminosa, por isso
os fiscais eram desprezados e marginalizados. Assim entendemos porque Jesus
almoçou com eles. Foi porque eles eram ricos? Não, porque eram marginalizados.
Também os
trabalhadores do campo eram desprestigiados, devido à própria função, que
impedia a prática escrupulosa da Lei.
Assim, o
critério econômico não é suficiente para entendermos a firmação de classes no
tempo de Jesus. É necessário levar em consideração também os critérios de
sangue, religiosos, ideológicos e culturais.
PARTIDOS POLÍTICOS:
Os judeus podiam ser divididos em várias seitas e
subseitas. Havia, por exemplo, os Saduceus, uma classe de pequenos, mas
abastados proprietários que, para desprazer de seus compatriotas colaboravam de
forma discreta com os romanos.
Havia os Fariseus, um grupo progressista que
introduziu muitas reformas no judaísmo e que, apesar de seu retrato nos
Evangelhos, se colocava em uma posição teimosa, embora passiva, a Roma. Havia
os Essênios, uma seita austera, misticamente orientada cujos ensinamentos eram
mais prevalentes e influentes do que é geralmente admitido ou suposto.
Entre as seitas e subseitas menores havia os
Nazoritas dos quais Sansão, séculos antes tinha sido membro; os Nazorianos ou
Nazarenos, um termo que parece ter sido aplicado a Jesus e seus seguidores,
realmente , a versão original grega do NT se refere a "Jesus, o
Nazareno" , expressão mal traduzida como " Jesus de Nazaré".
Em 6 d.C., quando Roma assumiu o controle direto da
Judéia, um fariseu rabino conhecido como Judas da Galiléia tinha criado um
grupo revolucionário altamente militante, conhecido como Zelote e composto, ao
que parece, de fasiseus e essênios. Os zelotes não eram propriamente uma seita.
Eram um movimento com afiliados de várias seitas.
Muito tempo depois da crucificação, as atividades dos
zelotes continuaram inalteradas. Por volta de 44 d.C. elas aumentaram. Em
66d.C. a luta irrompeu, toda a Judéia se levantando em revolta organizada
contra Roma. Vinte mil judeus foram massacrados pelos romanos só em Cesarea.
Existiam
três partidos políticos principais:
1 – Saduceus:
Nele se
encontrava a classe rica: o alto clero, os proprietários de terra (anciãos).
Como dá pra para desconfiar, era um partido totalmente “capacho”, pró-romano.
Não tinha nenhuma posição crítica frente ao poder romano. Por que? Ora, porque
ele era mantido pelos romanos. Era um partido sem nenhuma perspectiva
messiânica. Eles não acreditavam na vinda do Messias, porque o Messias
significava mudança. Ele se opunha à mudança, porque se beneficiava da situação
tal como ela era, e mantinha a ideologia da conservação. Era extremamente
conservador e reacionário. Este partido se concentrava em torno do templo,
tinha os papéis principais do governo colegiado do Sinédrio e detinha o poder
político.
2 – Fariseus:
Composto
por leigos, da classe média ascendente. Ascendente porque os fariseus e os
escribas controlavam a interpretação da Bíblia. Como saber é poder, eles
estavam subindo na sociedade e adquirindo bastantes postos no Sinédrio, dentro
do governo Judeu. O partido era formado pelos intelectuais do templo, pelos
advogados, copistas, teólogos. Frente aos romanos ele era uma espécie de
oposição confiável. Tinha uma resistência pacífica. Seus membros pagavam os
impostos e se submetiam para evitar o pior. Procuravam ganhar espaço pouco a
pouco, com o tempo.
Seus partidários
se concentravam em torno da Sinagoga, porque aí era o lugar em que se lia a Lei
de Moisés. Era a liturgia da palavra. Eles dominavam porque eram os únicos que
sabiam ler e interpretar a Lei Bíblica. Tinham a hegemonia, no sentido de que
detinham a direção moral, intelectual; o povo confiava neles. Então na verdade,
detinham o poder na mão. Um historiador daquele tempo dizia que o povo era o
aliado natural dos fariseus.
3 – Zelotes:
É um
partido radical, que rompe definitivamente com os romanos e adota a prática da
guerrilha, da violência armada. Nascido na Galiléia, é integrado, sobretudo,
por camponeses escravizados por dívidas. Visa realmente destruir a estrutura
política romana e também o poder judaico “capacho” dos saduceus. Em certos
momentos, fazem alianças com os fariseus.
Para
entender como é que Jesus se posiciona diante dos revolucionários, é necessário
lembrar que esse partido tem um projeto nacionalista na cabeça. Além da
independência da Palestina, ele tem um projeto expansionista, imperialista.
Quer colocar o judeu no centro e sobre todos os outros povos, e criar um
império mundial judeu. O César judeu seria uma espécie de César-Moisés, César
Bíblico que dominasse o mundo, já que isso estava nas profecias da Bíblia.
No
projeto dos zelotes havia também a restauração da teocracia, do rei santo,
muito parecido com Davi.
Cristo
age ao contrário. Ele dessacraliza o poder político, não pensa em poder
religioso, teocrático. Deste ponto de vista há diferença entre Cristo e os
revolucionários zelotes.
Existiam
ainda outros partidos de significação menor, como os essênios, os heroditas e
outros, e tinha também o povo, o “povilhéu”, como era chamado a gente da terra.
Era o povo sem organizações populares de base e que estava mais sob a dominação
dos saduceus e dos fariseus.
CULTURA:
As
características básicas da cultura na época de Cristo, eram as seguintes:
1 – Legalismo: A ideologia preconizava o culto e a
observância rígida da Lei. A Lei era uma espécie de força que impedia toda a
criatividade, toda força, exuberância. Esse legalismo, mantido sobretudo pelos
escribas, pelos doutores da Lei, era extremamente funcional. Servia para
acobertar as iniqüidades do regime e manter o povo dominado. O legalismo não
era um desvio puramente moral ou religioso. Tinha uma função também política.
Por que a Lei era tão rigidamente aplicada? Para poder manter o povo submetido.
O conhecimento dos doutores da Lei se baseava em uma espécie de conhecimento
secreto, esotérico, ou seja, somente eles sabiam ler e interpretar a Lei. E
isto era feito com um vocabulário complicado, difícil, de modo que deixavam o
povo confuso e crente de que eles entendiam os mistérios de Deus. Assim o povo
entregava sua liberdade nas mãos dos fariseus, dos doutores da Lei. Só desse
modo compreendemos as violentas investidas de Cristo contra os Escribas e os
Fariseus. No capítulo 23 de Mateus, lemos um dos textos mais violentos de toda
a literatura antiga: “Ai de vós, Escribas
e Fariseus hipócritas, que seqüestrastes as chaves da casa da ciência”. E,
falando do saber secreto deles: “Vocês
não entraram nela e impedem aos outros que entrem”. As investidas de Cristo
são contra esta carapaça que Escribas e Fariseus mantinham em cima da
consciência do povo.
2 – Messianismo: Nessa
situação intolerável de exploração econômica, de dominação política, de
marginalização religiosa, as esperanças em um libertador se aguçavam de
maneira extrema. Esperava-se um Messias para libertar o povo dessa opressão,
dessa situação intolerável. O povo imaginava o Messias do tamanho de seu
desejo e de suas necessidades. Ou seja, o Messias seria um grande benfeitor que
viria trazer pão, saúde, libertação de todas as opressões. Mas que Messias?
Aquele que vinha libertar a Palestina da dominação romana para fazer com que
pudessem ler, estudar e praticar a Lei com sossego. É um outro tipo de Messias,
é um Messias também de classe. O povão esperava o Messias realmente material e
a espera era feita de uma maneira urgente, delirante, de uma hora para outra.
Isso porque a situação estava insuportável que pior não podia estar. Um
historiador romano, Flávio Josefo, conta que na época em que Jesus viveu
surgiram cerca de trinta messias, dizendo-se reis, libertadores. Todos acabaram
mortos, massacrados pelo poder romano. Quando apareceu João Batista, o povo
perguntou se ele não era Messias. Assim ocorreu com Pedro, Judas Galileu e
também com Paulo. Havia uma expectativa incrível de um salvador, libertador, e
se investiam sobre as pessoas que apareciam com uma certa perspectiva de
libertação.
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